A discussão climática não pode se restringir à retórica da escassez. Ela precisa se conectar com o cotidiano das pessoas, com seus desejos de uma vida melhor, com geração de emprego, empreendedorismo e renda. E é justamente por isso que as oportunidades verdes devem ser a bússola da COP30. Elas mostram que o caminho da descarbonização pode – e deve – ser também o caminho do desenvolvimento.

O Brasil tem um papel singular nesse contexto.

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A transformação ecológica como estratégia de desenvolvimento

A transformação ecológica é uma estratégia de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Segundo o relatório 'Technological Tipping Points for the Ecological Transformation', o Brasil pode gerar entre 7,5 e 10 milhões de novas oportunidades de emprego, empreendedorismo e renda até 2030, em cadeias produtivas como bioeconomia, energia renovável, economia circular e infraestrutura verde.

Além disso, essa transição pode adicionar até US$ 430 bilhões ao PIB brasileiro no mesmo período. Ela está ancorada em sete cadeias estratégicas e visa unir prosperidade econômica, inclusão social e preservação ambiental.

Oportunidade global e brasileira: A revolução dos empregos verdes

No cenário internacional, projeções de fontes como ILO, IEA, IRENA, FAO e ClimateWorks apontam que até 350 milhões de empregos verdes podem ser criados até 2030, considerando os fluxos líquidos entre perdas e ganhos de postos de trabalho associados à mitigação e adaptação climática. Só o setor de energia e combustíveis pode gerar até 35 milhões de empregos globalmente; Indústria e materiais, 22 milhões; Construção e infraestrutura, 165 milhões; e alimentos e uso da terra, até 110 milhões.

Onde estão essas oportunidades? Setores-chave para o Brasil

  1. Bioeconomia e superfoods:Com potencial de até US$ 75 bilhões no PIB, a bioeconomia pode gerar até 3,5 milhões de oportunidades.
  2. Transição energética (SAF, biogás, hidrogênio verde, solar e eólica): Pode contribuir com até US$ 75 bilhões ao PIB e criar entre 500 mil e 900 mil oportunidades.
  3. 3. Economia circular (plásticos e têxteis): Pode gerar até 1,2 milhão de empregos, empreendedorismo e renda.
  4. Minérios críticos, baterias e veículos elétricos: Com potencial de até US$ 65 bilhões no PIB e até 700 mil oportunidades de emprego, empreendedorismo e renda

Além das oportunidades reais de emprego e renda, essas cadeias produtivas também oferece postos de trabalho qualificados em engenharia, biologia, química, inteligência artificial, e tecnologia de energia limpa, eletrificação e automação. Também fortalecem a inserção do Brasil nas cadeias globais de valor de maior potencial de crescimento e impacto positivo para a economia de baixo carbono.

Agir e regionalizar para transformar

Para que esse potencial vire realidade, o Brasil precisa enfrentar quatro grandes desafios estruturais:

  1. Capacitação e formação em green skills
  2. Formalização e inclusão produtiva
  3. Cooperação e financiamento estruturado
  4. Regionalização das oportunidades

A COP30 como virada de chave global

A agenda de ação da COP30 em Belém precisa ser mais do que um marco climático: deve ser um catalisador para o desenvolvimento econômico e social. Para isso, green skills, empregos, empreendedorismo e renda devem ser prioridade global.

A transformação ecológica acontece no território – no CEP onde cada pessoa vive, estuda, trabalha e empreende. Essa abordagem territorial é essencial para conectar as cadeias produtivas com as realidades regionais, garantindo maior efetividade e impacto. A próxima etapa do trabalho liderado pelo governo federal será justamente revisar essas oportunidades setor a setor, estado por estado, com base nas vocações e desafios locais. Que possamos mostrar ao mundo que a agenda verde é a melhor opção para a prosperidade de quem mais precisa.

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