Enquanto produtos brasileiros receberam uma tarifa de 10%, outros países, principalmente na Ásia, sofreram com alíquotas entre 25% e 49%. Segundo o diretor da Eurasia, essa nova realidade econômica global apresenta desafios significativos para o Brasil, apesar do aparente benefício inicial com as tarifas mais baixas.
Garman alerta que, em um mundo com tendência à maior fragmentação, inflação elevada e menor crescimento, o Brasil também sofrerá as consequências negativas.
O analista pondera que, embora o Brasil possa parecer em vantagem relativa, é necessário cautela ao afirmar que o país foi um "ganhador" neste cenário. Ele aponta dois motivos principais para essa precaução: o risco de novas medidas tarifárias e a deterioração das relações políticas.
A possibilidade de futuras medidas tarifárias contra o Brasil ou outros países da América do Sul não foi completamente descartada, avalia Garman. Para ele, o governo americano mantém seu foco em implementar uma política de restrições a investimentos chineses na região, o que pode gerar atritos nas relações entre Brasil, China e Estados Unidos.
Para Garman, as relações políticas entre Brasil e Estados Unidos "não poderiam estar piores". Garman cita o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um fator complicador.
O analista ressalta que as tarifas recíprocas de Trump representam uma ruptura na ordem comercial global. O maior perigo, segundo ele, é um possível desaquecimento mais profundo da economia internacional, cenário no qual "ninguém ganha em termos relativos".