Tudo apontava para a tendência se manter nas duas edições previstas em 2020. Acontece que veio à pandemia do coronavírus e a edição de abril foi um dos primeiros eventos a serem cancelados no país. Foi justamente isso que permitiu aos organizadores redesenhar o tradicional evento do calendário cultural brasileiro e propor algo totalmente novo no segundo semestre: uma exposição 100% digital.

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As estimativas dos organizadores preveem alcançar 5 milhões de espectadores em todas as redes sociais onde o evento será transmitido - e também com shows de luz e projeção pelas ruas de São Paulo. Se a marca fosse alcançada, seria um salto de 125 vezes no público em meio aos desafios impostos para a moda por causa do coronavírus.

“Eu acredito muito no digital. Eu acho que o físico, a gente vai ter que no curto tempo reaprender, como reocupar os lugares, e eles vão ser sempre importantes, que é do ser humano, é da vida das pessoas”, diz o criador da SPFW, Paulo Borges, para a reportagem da CNN Brasil. “A cidade vai estar vendo e toda essa transmissão digital dá um alcance, eu não sei nem quantas vezes maior que uma sala de desfile”, completa.

Evento virtual

Estúdio na Moóca, em São Paulo, recebe o centro de controle da SPFW virtual
Estúdio na Moóca, em São Paulo, recebe o centro de controle da SPFW virtual
Foto: Pedro Duran/CNN

Em vez de 1200 funcionários, serão 25. Os desfiles não serão ao vivo, viraram vídeos gravados com performances, que serão exibidas durante a semana. Os estilistas serão entrevistados pelo próprio Borges depois de cada desfile.

A transmissão será feita pelo YouTube e pelas redes da SPFW, inclusive no site oficial do evento. Pela primeira vez, não é necessário nenhum tipo de senha, pagamento, reserva ou convite pra assistir tudo. A sala de imprensa que recebia cerca de 400 jornalistas também foi eliminada do novo formato e a internação com os repórteres será pela internet.

50% de negros e indígenas

Além da mudança no formato, a edição de 25 anos da São Paulo Fashion Week também mudou as regras. Agora, estilistas precisam obrigatoriamente ter metade do casting formada por negros e indígenas. “Eu acho que tá atrasado, óbvio que tá atrasado, eu falo disso tem 25 anos (...) Você sabe que tem uma normalização e uma invisibilidade que está instaurada em todos os lugares. É cultural”, diz Borges.

O estreante Tom Martins, da grife batizada pelo sobrenome dele, defende que faltou sensibilidade para os colegas estilistas que não incluíam negros na arela e comemorou a mudança: “se não é por bem, que seja por mal”, diz. Ele afirma que está trabalhando pra mudar esse cenário. “[Eu] não me via representado nos desfiles da SPFW e no mercado de modo geral. Hoje sim, hoje mais, até porque eu sou uma pessoa gorda, né? Hoje eu me vejo mais representado”.

Com mais de 100 desfiles internacionais aos 22 anos de idade, o modelo Igor Lourenço é um dos que estarão nesta edição repaginada do evento. Lourenço teve mais sorte que muitos outros que são negros como ele e avaliou que a decisão foi positiva. Ele calcula que participará da apresentação de cerca de 6 marcas. “Quanto mais visibilidade tem, mais dentro da moda a gente tá, no mercado de trabalho e em tudo. Tá melhorando. E tomara que melhore cada vez mais”, declarou à CNN Brasil.

Line Up

04/11
14h00 Fernanda Yamamoto
15h00 Victor Hugo Mattos
16h30 Irrita
18h00 Isabela Capeto
19h30 ALG
20h00 Celebração #Spfw25anos
21h30 Lenny Niemeyer

05/11
14h00 Korshi 01
16h00 Ponto Firme
18h00 A.Niemeyer
19h30 Alexandre Herchcovitch, 50 Anos, Estilista
20h30 Amir Slama
21h30 Another Place

06/11
14h00 Lucas Leão
15h00 Led
16h00 Misci
18h00 Renata Buzzo
19h30 Juliana Jabour
20h30 Handred
21h30 João Pimenta

07/11
14h00 Martins
15h00 Cacete
16h30 Modem
18h00 Ão
19h30 Amapô
20h30 Freiheit
21h30 Lino Villaventura

08/11
14h00 Gloria Coelho
15h30 Apartamento 03
17h00 Aluf
18h30 Angela Brito
19h30 Neriage
20h30 Isaac Silva
21h30 Ronaldo Fraga

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