Embora tenha havido acordo para trocar mais prisioneiros, Moscou e Kiev continuam profundamente divididas sobre como encerrar o longo conflito na Ucrânia.

A Rússia mostrou-se particularmente inflexível, entregando aos negociadores ucranianos um memorando que reafirma seus termos maximalistas e linha-dura, que essencialmente equivaleriam a uma rendição ucraniana.

As expectativas sempre foram baixas para um compromisso do Kremlin. Mas Moscou parece ter eliminado qualquer indício de disposição para suavizar suas exigências.

O memorando russo novamente exige que a Ucrânia se retire de quatro regiões parcialmente ocupadas que a Rússia anexou, mas não capturou: uma concessão territorial que Kiev rejeitou repetidamente.

O documento afirma que a Ucrânia deve aceitar limites rigorosos para suas forças armadas, nunca se juntar a uma aliança militar ou hospedar tropas estrangeiras, nem adquirir armas nucleares.

Seria a desmilitarização ucraniana em sua forma mais linha-dura, inaceitável para Kiev e grande parte da Europa, que vê o país como uma barreira contra uma expansão russa adicional.

Condições russas

Outras exigências russas incluem a restauração total dos laços diplomáticos e econômicos, especificando que nenhuma reparação será exigida por qualquer lado e que todas as sanções ocidentais contra a Rússia sejam suspensas.

É uma lista de desejos do Kremlin que, embora familiar, diz muito sobre como Moscou continua a imaginar o futuro da Ucrânia como um estado subjugado sob influência russa, sem um exército significativo próprio nem independência real.

Dmitri Medvedev, ex-presidente e primeiro-ministro russo, agora um alto funcionário da segurança, afirmou abertamente na terça-feira que o objetivo de Moscou nas negociações de paz não é “chegar a um acordo”, mas sim alcançar uma “vitória rápida”.

Ele afirmou que esse era o “significado” do memorando russo.

Esta posição inflexível surge apesar de dois fatores importantes que poderiam ter feito o Kremlin reconsiderar.

Primeiro, Kiev desenvolveu a capacidade técnica de atacar profundamente dentro da Rússia, apesar da impressionante diferença de território e recursos.

Os impressionantes ataques com drones recentemente direcionados a bombardeiros estratégicos russos em bases a milhares de quilômetros da Ucrânia são uma poderosa ilustração disso.

O governo ucraniano, ao que parece, tem algumas cartas na manga e está usando-as efetivamente.

Em segundo lugar — e possivelmente mais perigoso para Moscou — as últimas exigências linha-dura do Kremlin surgem apesar das crescentes frustrações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com seus próprios esforços de paz na Ucrânia.

Trump já expressou irritação com o líder russo, Vladimir Putin, que ele disse ter ficado “absolutamente LOUCO” após os massivos ataques russos à Ucrânia na semana ada.

Mas agora, o próprio Trump está sob pressão, já que uma pedra angular de sua política externa para o segundo mandato — trazer um fim rápido à guerra na Ucrânia — parece decididamente instável.

Existem alavancas poderosas para acionar se o líder republicano escolher, como aumentar a ajuda militar dos Estados Unidos ou impor novas sanções severas, como aquelas apoiadas esmagadoramente no Senado americano.

Um dos principais apoiadores de um projeto de lei bipartidário do Senado que visa impor novas medidas “paralisantes” a Moscou, o Senador Richard Blumenthal, acusou a Rússia de “zombar dos esforços de paz” nas conversações de Istambul e, em uma publicação cuidadosamente redigida no X, acusou o Kremlin de “fazer Trump e a América de tolos.”

In Istanbul talks today, Russia offered more of the same—mocking peace efforts by rejecting a ceasefire, in effect playing Trump & America for fools. 1/ https://t.co/hQsb5PeCRJ

— Richard Blumenthal (@SenBlumenthal) June 2, 2025

Não está claro, no momento, como o presidente americano reagirá, ou o que ele fará — se é que fará alguma coisa.

Mas o resultado da guerra na Ucrânia, especificamente a negociação de um acordo de paz para encerrá-la, tornou-se “de modo embaraçado” ligado à atual istração da Casa Branca.

O fato de Putin ter mais uma vez se mantido irredutível e apresentado uma resposta inflexível aos apelos por paz pode agora forçar Trump a agir.

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