“Quero cumprimentar nosso querido deputado Hugo Motta. Eu considero você uma novidade na política brasileira. Independente do partido que você pertence, o seu comportamento e a sua eleição como presidente da Câmara é a demonstração de que, dentre tantas coisas ruins que nós vivemos, começam a acontecer coisas boas”, afirmou Lula.
“Isso é extremamente importante. Eu quero que você saiba que os partidos de esquerda desse país vão lhe tratar como jamais alguém imaginou que pudessem tratar um presidente da Câmara que pertence a outro partido político”, continuou.
O gesto de Lula ocorre dias após a forte reação do Congresso à decisão da equipe econômica de elevar em 3,5% o IOF sobre determinadas transações internacionais. A medida, anunciada para aumentar a arrecadação ainda em 2025 e viabilizar o cumprimento das metas fiscais do arcabouço fiscal, provocou um desgaste político imediato.
No mesmo dia, o Ministério da Fazenda recuou parcialmente, suspendendo o aumento para investimentos de fundos e de pessoas jurídicas no exterior — mas a pressão de líderes do Congresso, do setor financeiro e até dos presidentes das duas Casas legislativas continuou.
Hugo Motta, no centro das negociações, ou a atuar diretamente na busca por alternativas. Mais recentemente, ele encomendou ao deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) a ampliação dos trabalhos do grupo técnico sobre reforma istrativa para incluir propostas de ajuste fiscal.
“O Hugo havia me 'contratado' para pensar a reforma istrativa. Nesta semana ele me ligou e disse que estava aditivando o contrato para tratar de medidas de ajuste fiscal”, disse Pedro Paulo à CNN.
O grupo terá 45 dias para apresentar um relatório com sugestões que aliviem a pressão sobre o Orçamento sem recorrer ao aumento do IOF.
Ao comentar a necessidade de articulação com o Legislativo, Lula defendeu decisões baseadas na construção de consensos.
“Nós estamos convencidos de que todas as decisões que a gente tiver que tomar em benefício do povo brasileiro, a gente tem que tomar na construção da maioria”, frisou.
Viagens com parlamentares como estratégia de convencimento
O presidente também destacou a importância de incluir parlamentares nas viagens internacionais e decisões estratégicas.
“Uma coisa nova que tem acontecido é que eu tenho feito questão de, todas as coisas importantes que vou mandar para o Congresso Nacional e todas as viagens que faço, eu convido o presidente da Câmara, do Senado, deputados indicados pelas lideranças e senadores. Porque é importante que eles saibam o que as pessoas lá fora pensam do Brasil e como pensam agora”, disse.
Segundo Lula, a participação direta dos parlamentares fortalece o entendimento sobre acordos internacionais e ajuda a aprová-los.
“Quando o presidente viaja sozinho e volta com uma proposta de acordo, não compreenderam e não participaram do debate. Têm obrigação de questionar mesmo. Vão juntos e veem o que aconteceu — e fica mais fácil convencer as bancadas de que aquilo é importante”, disse.