"A ministra ao longo dos questionamentos começa a perder o equilíbrio natural que se espera de um ministro de Estado", afirmou Rogério. "A ministra não estava na comissão hoje desde o primeiro momento com uma conduta, com comportamento de um agente público federal, que diante do senado deve explicações com respeito, urbanidade, equilíbrio e respeito institucional", disse Marcos Rogério.

A declaração foi feita na sessão plenária do Senado Federal no início da tarde de hoje, horas após a confusão na comissão. O senador, com sua fala, tentava explicar o imbróglio ocorrido mais cedo. Marina Silva e Marcos Rogério discutiram arduamente durante a audiência para a qual a chefe da pasta foi convidada a falar sobre a exploração da Margem Equatorial.

Marina Silva estava respondendo às acusações do senador Omar Aziz (PSD-AM), quando teve o microfone cortado por Marcos Rogério, que é presidente da comissão. Ele ironizou:

"Essa é a educação da ministra Marina Silva. Ela aponta o dedo e...", disse o senador, que estava ao lado da ministra.

"O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa, eu não sou", respondeu Marina.

Ainda sobre a discussão, Rogério afirmou que ela estava "alterada, aos gritos", e que a declaração foi feita porque ela estava em uma conduta "impossível".

"Quando usei o termo 'se ponha no seu lugar' não fiz no intuito de diminuir a ministra, mas chamá-la ao papel dela, porque estava numa conduta impossível de tocar os trabalhos; alterada, aos gritos", complementou durante a sessão plenária do Senado.

Marina abandona sessão

A ministra foi convidada pela comissão para falar sobre a criação de unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, região de interesse para a exploração de petróleo.

Momentos depois do bate-boca com Marcos Rogério, ainda com o plenário com os ânimos exaltados, Marina Silva deixou a sessão após discutir com o senador Plínio Valério (PSDB-AM).

A discussão com Plínio começou com o senador dizendo: "Ministra, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra. Eu não estou falando com a mulher. Eu tô falando com a ministra".

Ainda com o microfone desligado, Marina rebateu: "Eu sou as duas coisas. O senhor está falando com as duas coisas."

Foi então que Valério declarou: "Porque a mulher merece respeito, a ministra, não". Imediatamente, a fala do tucano despertou reações dos colegas, que pediram pela manutenção do respeito na Casa.

Em seguida, a ministra relembrou uma afirmação de Valério que, em março, disse ter vontade de enforcá-la.

"O senhor que diz que queria me enforcar. Foi o senhor que disse que queria me enforcar", relembrou Marina.

Valério tentou se explicar, disse que não tinha "nada contra mulher", mas não convenceu a ministra, que seguiu cobrando um pedido de desculpas.

"Vocês me convidaram como ministra, têm que me respeitar. Eu me retiro porque não fui convidada por ser mulher", disse Marina, que se levantou para deixar a audiência.