O objetivo da reunião desta terça-feira (27) era avaliar o impacto da criação de áreas ambientais no litoral do norte do país.

Parlamentares argumentaram que as unidades de conservação impediriam a exploração de petróleo na margem equatorial. A ministra negou e disse que o processo de proteção dessas regiões já estava no radar da pasta há vinte anos.

Durante a sessão, o senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, chegou a culpar a ministra pela falta de licenciamento ambiental para a obra de asfaltamento da rodovia que liga Manaus a Porto Velho. O parlamentar integra a base aliada do governo.

“O presidente Lula assumiu o compromisso de asfaltar a BR-319. Do que eu saiba, ele é o presidente ainda”, disse o parlamentar.

A ministra negou que seja responsável pelo adiamento da obra.

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“O debate em cima da BR-319 é um debate que virou um bode expiatório. Esse bode chama-se Marina Silva. É concretíssimo que eu saí do governo em 2008. De 2008 para 2023, quantos anos?”, questionou a ministra.

O embate entre Marina e os senadores piorou ainda mais quando Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, tomou a palavra.

“Ao olhar para a senhora eu estou vendo uma ministra. Não estou falando com a mulher. Eu estou falando com a mulher, não com a ministra. A mulher merece respeito. A ministra, não”, atacou o político.

A reação foi imediata. Marina Silva lembrou que o amazonense afirmou que sentiu vontade de enforcar ela ao relator uma oitiva anterior no Congresso. A ministra deixou a comissão em seguida.

Em entrevista à CNN, Marina afirmou que deixou a reunião porque foi desrespeitada e criticou a postura dos parlamentares.

“Não estou ali pra receber uma atitude de capacho em relação à postura truculenta que eu tive que receber”.

A exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas é um dos temas mais sensíveis do governo Lula. Parte da coalizão governista quer fazer da região o "novo Pré-sal". Os ambientalistas, por outro lado, afirmam que a perfuração na Margem Equatorial ameaça um ecossistema sensível e que o Brasil precisa abandonar a dependência econômica do combustível fóssil.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis marcou o leilão de 47 dos blocos da Margem Equatorial para o dia 17 de junho.

Nesta terça-feira, o Ministério Público Federal recomendou que a ANP suspenda o pregão. O MPF afirma que a concessão desses blocos ameaça os objetivos ambientais do país e destaca o risco jurídico da operação.

Até agora, nenhuma das empresas que arremataram blocos há mais de dez anos conseguiu licença para operar na região.

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