"Vou declarar os meus dados para pegar os documentos. Estou aqui de boa-fé. Estou aqui por conta de uma perseguição política. Vou provar isso. Fui condenada sem provas. Na outra condenação, de cinco anos, foi ridícula, porque eu tinha porte legal. Eles me condenaram por porte ilegal. Eu quero provar isso aqui e buscar refúgio na Itália."

Zambelli também disse respeitar a Justiça italiana, mas afirmou que não reconhece legitimidade nas decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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"Quero demonstrar boa-fé para com a Justiça e o governo italiano. Fazer tudo certo. Respeito as leis brasileiras, mas não respeitarei mais a injustiça do Moraes."

A parlamentar ainda disse ter medo de ser extraditada. "Temo, porque respeito a justiça italiana. Mas creio em Deus que não deixará isso acontecer"

A expectativa é de que, na próxima segunda-feira (9), Moraes deve expedir o mandado de prisão definitiva de Zambelli.

A partir da prisão da deputada em solo italiano e sua eventual extradição para o Brasil, ela deverá iniciar o cumprimento da pena de dez anos de prisão. A perda do mandato também será formalizada.

Todos os ministros da Primeira Turma do STF votaram nesta sexta por rejeitar um recurso de Carla Zambelli contra sua condenação a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que abre caminho para o início da execução da pena.

O hacker Walter Delgatti também foi condenado a oito anos de prisão pelos mesmos crimes: invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

Além da pena de reclusão, o STF determinou que ambos paguem, solidariamente, uma indenização de R\$ 2 milhões. A decisão também prevê a perda do mandato da deputada, a ser executada após o trânsito em julgado da ação — ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.

Na última quarta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A medida foi motivada pelas declarações da parlamentar, que afirmou ter viajado para os Estados Unidos e manifestado a intenção de seguir para a Itália.

O caso da arma

Após ser reeleita como a segunda deputada mais votada de São Paulo, em 2022, Zambelli foi flagrada perseguindo um homem com uma arma no bairro dos Jardins, na região central da capital paulista.

Na ocasião, havia uma determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibindo o porte de armas por caçadores, atiradores e colecionadores nas 24 horas que antecedem e sucedem o dia da votação — norma válida para o primeiro e segundo turnos das eleições. O episódio ocorreu na véspera do segundo turno.

Naquele dia, a deputada itiu em entrevista que teria “ignorado conscientemente” a resolução do TSE.

O caso foi encaminhado ao STF, que formou maioria para condenar a parlamentar por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com uso de arma. No entanto, o julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro Nunes Marques.

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