O grupo sofreu de quelonitoxismo, um tipo de intoxicação alimentar provocado pelo consumo de carne de tartaruga, que é considerada uma iguaria na região. Ainda segundo o The Guardian, a mulher falecida era mãe de uma das crianças que também morreram. A carne de tartaruga teria sido consumida na terça-feira anterior aos óbitos.
Segundo a Poison Control, organização pertencente ao National Capital Poison Center, da George Washington University, dos Estados Unidos, o quelonitoxismo é uma doença rara, mas potencialmente fatal.
Segundo a organização, a proliferação de algas nocivas em ambientes marinhos faz com que a água seja contaminada por toxinas liberadas por essas plantas. As cianobactérias, por exemplo, são conhecidas como algas verde-azuladas e liberam toxinas que podem ser consumidas por peixes e outras formas de vida aquática, fazendo com que essas bactérias permaneçam em seus organismos.
O quelonitoxismo está relacionado a essas cianobactérias por serem consumidas por tartarugas marinhas. Apesar de a espécie ser protegida por regulamentos internacionais, que proíbem a caça e o consumo humano, é comum que a doença ocorra em países do Indo-Pacífico, por serem regiões que consideram a carne de tartaruga uma iguaria.
O problema é que tartarugas contaminadas por cianobactérias não apresentam sinais da doença e aparentam estar saudáveis. No entanto, a carne da tartaruga é tóxica para o humano, mesmo se for cozida ou fervida, de acordo com o Poison Control.
Os sintomas da intoxicação causada pelo quelonitoxismo inclui coceira e dor na boca e garganta, náuseas, vômitos e dor abdominal e podem ser notados dias após a ingestão da carne de tartaruga. Além disso, também podem ocorrer ulcerações na boca e na língua e, em casos mais graves, confusão mental, convulsões ou coma, podendo levar ao óbito.
Ainda de acordo com o Poison Control, o quelonitoxismo pode deixar sequelas em pessoas que sobrevivem à intoxicação, como paralisia. Além dos humanos, animais domésticos também podem ser envenenados pela carne de tartaruga.
Ainda não existe um medicamento ou antídoto específico para o quelonitoxismo, já que as toxinas específicas liberadas pelas cianobactérias ainda não são conhecidas. Por isso, o tratamento envolve cuidados sintomáticos, com remédios para aliviar os sintomas, e reposição de eletrólitos e de fluidos por via intravenosa. Em alguns casos, também é necessário o e respiratório.
Além disso, o diagnóstico de quelonitoxismo pode ser difícil de ser feito, já que os sintomas são muito semelhantes a outras intoxicações alimentares -- o que prejudica o tratamento adequado. Para somar, segundo o Poison Control, muitas pessoas infectadas podem ter medo de procurar cuidados médicos por medo de processos judiciais devido ao consumo ilegal de carne de tartaruga.
A organização elenca, ainda, algumas dicas de prevenção do quelonitoxismo. Entre elas, é claro, está evitar o consumo de carne de tartaruga marinha, mesmo que esteja cozida. Além disso, é fundamental manter-se atento às regulamentações locais e internacionais sobre espécies vegetais e animais protegidas.
Por fim, caso apresente sintomas de quelonitoxismo, procure atendimento médico imediatamente. Isso também é importante ao notar sintomas de intoxicação alimentar após comer frutos do mar.